sexta-feira, 30 de julho de 2010

Educação em pauta 'Falta muito, mas já melhorou'

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BRASÍLIA - Em entrevista à jornalista Catarina Alencastro, o ministro
da Educação, Fernando Haddad, diz que o Brasil percorreu menos da
metade do caminho rumo a uma educação de qualidade. Segundo ele, será
difícil alcançar a meta prevista para 2021, pois ainda falta fazer o
dobro do esforço feito até agora.

Por que o Brasil demorará tanto tempo para alcançar os países da OCDE?
FERNANDO HADDAD: Porque esses países priorizaram a educação lá atrás.
O Brasil começou a priorizar a educação agora. Em 1994, não faz tanto
tempo assim, o Brasil aprovou emenda constitucional retirando recursos
da educação. Dez anos (de prazo para alcançar a meta), você acha
muito? São mais dois governos. Há estados que são governados pela
mesma força política há 20 anos e estão exatamente na mesma situação
de 20 anos atrás.
Dois governos é tempo razoável para mudarmos a situação da educação?
HADDAD: Para atingir o patamar de excelência dos Estados Unidos, da
Itália, da Espanha, considero uma meta ousada. A Irlanda levou 40 anos
para atingir o patamar.
É possível antecipar o cumprimento da meta?
HADDAD: Na verdade, se mantivermos o ritmo atual, essas metas serão
antecipadas. Mas duvido que isso seja possível.
Por quê?
HADDAD: O ritmo está bem forte. O Ideb subiu um ponto em quatro anos.
Subir um ponto significa que os alunos do 5 ano do ensino fundamental
em 2009 têm a proficiência que alunos do 7 ano tinham em 2005. É como
se o brasileiro tivesse saltado dois anos em escolaridade.
Com a nota 4,6 nós ainda estamos reprovados?
HADDAD: Quando você fala de uma escala de 0 a 10, você passa a falsa
impressão de que faltam 5,4 pontos para a gente ter uma educação de
qualidade. Na verdade nós aumentamos 0,8 e falta 1,4. Então, nós
cobrimos quase 40% do percurso em quatro anos.
Mas ainda não chegamos a ter uma educação de qualidade, concorda?
HADDAD: Falta cobrir 60% do percurso. Isso significa que nós vamos
estar numa situação de países que têm duas ou três vezes a renda
>itaÉ difícil reconhecer que o Brasil ainda não tem um ensino de alto
nível?
HADDAD: Não é isso. Se a qualidade estivesse caindo, o sinal que você
tinha que dar para o sistema era de alerta. Nós, felizmente, tivemos
uma inflexão dessa curva, que era decrescente. Desde 2005 é crescente.
Então o sinal que você tem que passar é que temos um caminho pela
frente. Mas temos que sinalizar que estamos na direção certa. Se eu
não passar essa mensagem, à frente do cargo em que estou, posso
sugerir para os 200 mil diretores e 2 milhões de professores que
estamos vivendo a mesma situação de dez anos atrás. E não estamos. Na
verdade, nós começamos a vencer a batalha. Falta muito ainda, mas a
tendência é positiva.

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